Presépios
Neste Natal, tive a felicidade de visitar com a minha Família a casa de uns amigos onde nos encantamos com uma colecção de mais de 550 Presépios, oriundos de diversas partes do mundo.
Trata-se de uma colecção fantástica, na qual transparece a universalidade do mistério da Incarnação.
Ninguém, em parte alguma do planeta, fica insensível ao nascimento do Menino Jesus, o Deus feito homem.
A leitura da mensagem do nascimento, impregnada de particularidades culturais oriundas das diversas civilizações de origem daqueles Presépios, é sempre a mesma: uma Mãe, um Pai e uma Criança que nasce no mais humilde recanto da terra para transformar a vida daqueles a quem foi confiada essa mesma terra.
O modelo único de sustentação da existência humana, a Família, de onde todos partimos e onde todos devemos encontrar o amor, o carinho, o sustento, atravessa toda a humanidade, de norte a sul, do oriente ao ocidente. É nela e dela que acontece a missão a todos nós atribuída como Povo de Deus nos caminhos da vida.
Pensava na importância que para nós teve a visita àquela bela colecção de Presépios e a minha memória devolveu-me um acontecimento simples da minha infância.
Era o mês de Novembro.
Tinha 12 anos de idade, tempo de ser Explorador e de viver aventuras. O meu Chefe de Secção desafiou todos os elementos das Patrulhas do Agrupamento do Bonfim a construírem em suas casas o Presépio Natal, com vista a participarmos num concurso de Presépios (com prémios e tudo).
Em Dezembro haveríamos de receber em casa a visita da Equipa de Animação da Secção que, dessa forma, observaria os Presépios e os classificaria.
Foi uma azáfama empenhada. Um despertar da imaginação e da criatividade, onde às mãos foi pedido trabalho e aos Pais muita paciência.
Recordo a emoção da entrada em minha casa, recebidos pelos meus Pais, dos 3 Dirigentes que me ajudavam a crescer e a ser rapaz para um mundo melhor.
Mostrei todos os pormenores do meu Presépio. Até a lanterna que usava nas noites de acampamento foi por mim acesa, lá num canto escondido por umas pedras, para iluminar bem de frente a face do Menino Jesus.
Agora, passados mais de 30 anos, o meu recordar diz-me que aqueles Dirigentes fizeram mais, muito mais, do que classificar o meu simples Presépio.
Visitaram a minha Família.
A brincar, contactaram com os meus familiares, dialogaram com eles sobre mim, sobre o Escutismo, sobre o Natal.
Eles tinham perfeita consciência da importância da Família no crescimento dos Filhos.
Saibamos nós, Dirigentes do CNE, inventar formas de ajudar as Famílias, que muitas vezes pressentimos que o não sabem ser, a descobrir este mistério da Família de Nazaré.
Alexandre Leite